sábado, 30 de novembro de 2013

Comportamento gay é uma consequência histórica

Post baseado na tese de mestrado de Diego Nunes Reis na PUCRS: Homens Distintos, Consumo, Construção do Corpo e Identidade Gay Viril.

Como já falei em outros posts, acredito que tudo ocorre por alguma razão. Dessa forma, falo nesse post sobre comportamento de uma “grupo” em específico dentro do grande mundo gay: as “barbies”. Por que valorizam tanto a estética? Por que normalmente não se relacionam com homens mais efeminados? O que os motivou a assumirem essa postura?


 Sempre bem vestidos


As “barbies” é um termo atribuído aos homens gays que prezam pela aparência, maneira de agir e de se vestir bastante masculinizados. Dessa forma, esse tipo de gay são aqueles homens sarados, sem trejeitos femininos e que sempre estão vestindo roupas de grandes marcas consideradas de luxo, como por exemplo:

    Armani
    Calvin Klein
    Lacoste
   
Segundo Nunan (2002), há pontos que homossexuais se diferenciam de heterossexuais em relação ao consumo:

    são mais individualistas por terem mais dificuldade de se casar e ter filhos;
    necessitam de uma interação social a mais, devido ao fato de sofrerem um isolamento social;
    normalmente não gostam de rotina e buscam por novas experiências de vida e
    Precisam descontrair um pouco por causa do estresse

Para complementar essa ideia, mostro para vocês a definição de luxo, proposta por André D’Angelo (2006): “Para ser considerado um produto de luxo (…) deve-se informar ao consumidor que o processo de fabricação possui qualidades superiores, com matérias primas consideradas sofisticadas, tecnologia de última geração e técnicas artesanais. Além disso, o luxo é mais caro quando comparado aos produtos e serviços semelhantes existentes no mercado. Outra característica (…) do luxo é sua exclusividade (…)”.
O antropólogo Diego Reis (2013), que realizou uma pesquisa sobre o consumo e construção do corpo entre os gays masculinos, afirmou em um momento de seu texto: “Pude vislumbrar que muitos jovens que sofreram algum tipo de estigmatização por sua orientação sexual utilizam o consumo de grandes marcas para comunicar sucesso, prestígio, “bom gosto” e poder aquisitivo.”
Diante disso, aliado ao fato de que alguns necessitam comprar, com a finalidade de definir sua identidade, ao demonstrar status, “bom gosto”, superioridade e exclusividade, (através de produtos de luxo) é óbvio que sempre veremos as “barbies” bem vestidas e normalmente com roupas de grandes marcas.

Sempre bem sarados


Em relação aos corpos esculturais, há um motivo histórico para que esses gays terem essa aparência.
Diego cita em sua tese que um psiquiatra alemão, Carl Westphal, em 1870 publicou um artigo chamado “As sensações sexuais contrárias”. Depois de publicado os homossexuais começaram a ser taxados de doentes e não mais "pecaminosos”.
Antes das “barbies” aparecerem por volta de 1990, como podemos observar pelo artigo de Westphal, os corpos de gays eram tratados como algo pecaminoso, frágil, delicado e muito efeminado. Assim, os homossexuais daquela época sofreram muito preconceito em relação a tudo isso.  Talvez como estratégia de defesa, muitos  gays passaram a evitar fortemente tudo o que costuma ser discriminado pela sociedade em relação aos gays, e por causa disso, começaram a frequentar academias, com o objetivo  de evitar e transformar os corpos delicados, frágeis e efeminados. Levando em consideração que muitos desses gays normalmente não são assumidos no ambiente familiar e profissional, e que esse “corpo musculoso” é usado para afastar a ideia de qualquer pessoa sobre sua homossexualidade, podemos chegar a conclusão de que tudo isso é também uma busca pela construção da própria identidade, além de uma defesa diante da sociedade.
E pensem! Usar o corpo como meio de demonstrar que gays também podem ter os códigos masculinos (impostos pela sociedade) é uma tática muito eficiente, já que não é preciso parar alguém na rua e tentar convencer que você é “masculino”, uma vez que a pessoa chegará a essa conclusão apenas por observar as características masculinas em seu corpo. Os trejeitos femininos quando são observados em gays, normalmente são inatos, pois acredito que mesmo eles não querendo, irão “dar pinta”. Como pode ser observado nesse artigo aqui do Armário Transparente : Homens Femininos e Mulheres Masculinas. Dessa forma, é muito mais fácil e bem mais eficaz trabalhar seus músculos para eles crescerem ao invés de tentar controlar seus atos.
Assim como as roupas que vestimos, nosso corpo também transmite uma expressão do que queremos ser, o que estamos sentindo ou onde estamos. Por isso as chamadas "barbies" usam seus corpos para transmitir, de alguma forma, que gays podem ter os códigos masculinos: virilidade, voz grossa, rosto não delicado e ombros largos. Assim conseguem, por meio dos seus corpos, e não gestos, transmitirem suas mensagens, opiniões e indignações perante à sociedade.

Sempre bem viris


 Trevisan (1998), em seu livro “Seis Balas Num Buraco Só: a Crise do Masculino”, fala sobre a construção do masculino e chega à conclusão de que os padrões que impõe ao corpo dos homens, a maneira de se comportar e vestir são explicitamente rígidos e menos flexíveis que os femininos.
Dessa forma, fica mais claro para nós o porquê que algumas pessoas, inclusive alguns gays, se sentirem tão incomodados com gays com trejeitos femininos. Pois na maioria das vezes os homossexuais nega a masculinidade, aproximando mais do gênero feminino: voz fina, trejeitos e feições delicadas. Através desses fenótipos que os gays foram (e ainda são) historicamente identificados e a partir desse fato o senso comum passou a definir que todos os indivíduos que possuíssem essas características eram gays e consequentemente "doentes". E com o intuito de não serem vistos como doentes e pecaminosos, as “barbies” foram no sentido contrário a esses gays para não receberem isso tipo de estereótipo.
É compreensível agora porque a maioria das “barbies” normalmente não se relaciona com caras efeminados, pois tentam de qualquer forma evitar a feminilidade estereotipada e atribuída aos gays.
Esses preconceitos da sociedade talvez expliquem as agressões físicas e verbais nas ruas, mesmo não sendo uma justificativa plausível. Se fosse realmente normal, a maioria dos homens ofenderia os gays verbal e fisicamente e não é isso que vemos. Assim, é explícito que esses agressores possuem algum desvio de comportamento que os fazem partir para agressão somente impulsionados por um incômodo causado por atitude alheia.
 Vontando ao texto do antropólogo Diego Reis, seleciono uma passagem que considero importante, em que ele mostra, através do contato com as histórias de vida e suas observações:Os gays viris (modo como Diego chama as “barbies”) se diferenciam dos heterossexuais, não somente pela orientação do desejo, mas também pela frequência aos espaços de sociabilidade em circuitos voltados para o público gay”.


Dessa forma, as “barbies” (homens musculosos, viris e com trejeitos masculinizados) ganham muito prestígio no meio gay e assim se apoiam nessa “massagem de ego” para continuarem agindo como agem, como se o retorno de ser bem quisto bastasse para afirmar sua identidade. Essa tribo de gays são valorizados por outros gays, uma vez que se baseiam na construção da sua identidade negando os símbolos do feminino, buscando um corpo e ações idealizadas  e ausência de afetação. Com isso, eles conseguem chamar atenção no meio gay, uma vez que se destacam como homens ideais, ou até mesmo se passam por “heterossexuais” em ambientes que se espera ter somente gays.
Por fim, uma frase de Diego que resume bem o comportamento das “barbies” é a seguinte: “O que se estabeleceu historicamente foi uma busca, por parte de muitos indivíduos, que não manifestavam desejo pelo sexo oposto, por uma representação que os diferenciasse do feminino e que os aproximasse dos códigos da masculinidade, como a virilidade, a força e o vigor”.
De certa forma, as atitudes das “barbies” são realmente o que todos os gays querem. Não faço referências somente às roupas e à busca do corpo perfeito mas também ao fato de lutarem contra um estereótipo imposto aos gays: “mulherzinha”, “efeminado”, “delicado”.
Afinal, não somos “fêmeas”! Temos que nos diferenciar do feminino e quem sabe até impor um novo gênero para podermos ganhar nosso lugar na sociedade.


terça-feira, 19 de novembro de 2013

Gêneros Homossexuais: Passivo e Ativo

Uma das perguntas que mais afligem a homossexualidade é essa questão de ser passivo ou ativo. Afinal, isso realmente é importante em uma relação? Claro, que se vermos somente pelo lado sexual, com certeza isso será primordial. Mas em relação as outras coisas? É possível uma relação entre passivos? E entre dois homens ativos? E sobre os caras que se dizem “versáteis”? Nosso “gaydar” consegue perceber os passivos e ativos também? 

A primeira pergunta que nos é feita no Grindr, Hornet, Scruff ou em qualquer “GPS Gay” é a seguinte: “Você é passivo ou ativo?”. Para um aplicativo, que na maioria das vezes, promove o sexo, é até normal, não? Mas afinal isso é realmente importante para um namoro, por exemplo? Quando nos é perguntado isso ou até mesmo quando o perguntamos, estamos sendo hipócritas? Vocês podem ler um pouco mais sobre os “GPS Gay” aqui no ARMÁRIO TRANSPARENTE em que fiz um post especificamente sobre os possíveis namoros decorrentes das conversas desses aplicativos: Cuidado! Os gays estão sendo enganados no Grindr.

Há coisas muito interessantes sobre esse conceito de “gêneros homossexuais” (ativo e passivo) que muitos nem percebem que elas pairam sobre a homossexualidade:
  • Muitas coisas são influenciadas pelos “gêneros homossexuais” Por exemplo, se vocês repararem, muitas amizades homossexuais também são baseadas nisso, mesmo que inconscientemente. As rodinhas de amigos geralmente são todos passivos e em outras são todos ativos… Como se fosse a separação de sexos que vemos no mundo heterossexual: mulheres com mulheres e homens com homens. Será que nosso mundo também é dividido assim? Passivos com passivos e ativos com ativos? Isso nos faz refletir se somos mais parecidos com eles do que realmente imaginamos, não é? Se existe uma separação de homens e mulheres entre os heterossexuais, então significa que há também algo semelhante no mundo gay: passivos e ativos? Parece que sim. Isso na verdade não deixa de ser somente uma designação sexual, porém é totalmente perceptível que essa direção de “gêneros” influencia nossas amizades, comportamentos, decisões e vida amorosa.
  • Correspondências de “gêneros” da heterossexualidade com a homossexualidade

       Pensem na seguinte comparação do mundo gay com o mundo                        heterossexual:

Heterossexualidade
Correspondência Homossexual
Homem Ativo
Mulher Passivo
Bissexuais Versáteis
Não quero dizer que esses dois “mundos” não se misturam, somente estou fazendo uma comparação entre tais. Será que isso confere? Esse conceito listado na tabela acima, pode estar nas mentes das pessoas sem que elas percebam, pois é muito natural observarmos conceitos do tipo: 
  • Passivos são delicados e efeminados
  • Ativos são homens mais viris, fortes e masculinizados.
Quais são as origens desses tipos de pensamentos? Com certeza a base está estruturada nos conceitos mostrados na tabela.  
Nunca pode-se afirmar certas coisas, principalmente os gays, pois estaríamos tendo algo que mais odiamos: PRECONCEITO. Falar que passivos são femininos e ativos são masculinizados se compara a falar que uma mulher não pode ter trejeitos masculinos e homens não podem ter trejeitos femininos. São preconceitos bobos e inúteis. E levando em consideração o fato que os gays querem ter respeito em breve, isso seria uma grande contradição e um erro que um gay não pode mais cometer perante nossas lutas de direitos no século XXI! Convido vocês a lerem um pouco mais sobre a trejeitos masculinos e femininos em post aqui no ARMÁRIO TRANSPARENTE : Homens Femininos e Mulheres Masculinas.
Como nós sabemos nosso “gaydar” é muito bem apurado. Conseguimos perceber a homossexualidade a longas distâncias. Alguns comparam essa habilidade com o cheiro de mexerica:
“Sinto cheiro de um cara gay do mesmo modo que identifico cheiro de mexerica: Pra mim é INCONFUNDÌVEL!”.


Mas não conseguimos identificar a “passividade” e “atividade” dos gays que vemos e assim, surge todo um mistério em relação a esse assunto.
Será que todos os namoros gays precisam obrigatoriamente ser entre um passivo e um ativo? Muitos de nós acreditamos que sim, não é?

Vocês já pararam para pensar que todos os gays podem ser “versáteis”? Só depende do parceiro com que nos envolvemos?! Quase todos nós já passamos por ativos, mesmo sabendo que somos passivos e vice-versa. Isso porque talvez percebemos que o outro cara “era igual a nós” e mesmo assim gostaríamos de ficar com ele. Assim, ficamos com medo de falar a verdade e “levar um fora”. Mas isso só é possível no mundo gay, pois independente de ser passivo ou ativo, eles são do mesmo sexo e assim podem tentar enganar as pessoas, por isso então se torna necessário saber se aquele homem é passivo ou ativo na cama para poder dar uma chance para uma futura relação. Já na heterossexualidade não é preciso fazer isso tipo de pergunta que é feita no mundo gay: “Você é ativo ou passivo?”. Pois sabemos quem fará o que na cama, somente distinguindo os homens das mulheres, afinal no mundo heterossexual, não há como enganar as pessoas, já que se trata de duas pessoas de sexos diferentes.


Mas quando, por exemplo, ficamos com alguém na balada, não perguntamos antes de beijá-lo se tal homem é ativo ou passivo. E sem ao menos saber disso podemos muitas vezes gostar do beijo, da companhia, do toque e do papo. Por isso acho que, se tratando disso, acho que é algo ajustável. As características citadas não são a base de um relacionamento? Sim!
Vendo por esse lado, os “gêneros” deixam de ter tanta importância, não é? E passam a ser somente estereótipos dos homens que vivem em sociedade.  

Alguns homens durante o ato sexual não permitem ser tocados “pela frente”, mesmo que seu parceiro quer e goste disso. Isso é não gostar ou é algum tipo de vergonha ou trauma?

Mas mesmo os passivos não se masturbam? Então por que não gostam de serem tocados? (…)



O fato incontestável é que todos os homens heterossexuais, bissexuais, travestis e gays sentem prazer no pênis. 


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Homens Femininos e Mulheres Masculinas

Por que a feminilidade em homens é vista com tanto preconceito? O que há de errado com uma mulher masculina? Isso está sob nosso controle? Conseguimos evitar alguns trejeitos femininos? Conseguimos engrossar nossa voz? Os gays possuem homofobia? Como a sociedade reage?

Sei que muitos são femininos e não se importam com isso. E acho isso simplesmente fantástico. Quando vemos um gay em um ambiente em que ele possa ser ele mesmo sem qualquer tipo de preconceito, conseguimos vê-los de uma forma que jamais veríamos fora do meio gay, pois por mais que ele mesmo se aceite, há sempre a preocupação com as outras pessoas ora familiares ora até mesmo estranhos nas ruas. A feminilidade em homens e a masculinidade em mulheres nunca são bem vistas tanto no modo de agir (falar, dançar, comer, gesticular) como fisicamente (ombros largos, face delicada, pelos em mulheres). Isso tipo de preconceito, por mais que pensamos que seja algo pessoal, acredito que seja algo imposto pela sociedade. Pois crescemos ouvindo que mulheres são delicadas, frágeis e bem arrumadas, enquanto os homens são viris, fortes e um pouco desleixados. Quando crescemos e vemos pessoas que fogem dessa “regra”, somos surpreendidos. Isso, porque é algo que foge do comum, ou seja, do que todos estão acostumados a esperar.

Vamos pegar um exemplo: o que vocês acham de mulheres com pelos nas axilas?
Posso afirmar que muitos acham isso MUITO estranho e até mesmo, digamos, nojento. Mas por quê?
Por que quando vemos os mesmos pelos e no mesmo lugar no corpo de um homem, não sentimos a mesma sensação?
(Não estou discutindo se vocês gostam ou não de pelos em axilas masculinas, unicamente estou dando o exemplo que as mesmas coisas nos corpos de mulheres e homens são vistas de formas diferentes).
Afirmo que essa diferença de sensação é totalmente dependente do meio em que vivemos. Pois sempre nos foi dito que mulheres precisam depilar o braço e homens não. Aliás, alguns homens são até discriminados por tirarem os pelos das axilas. E quando alguém foge do tradicional, é totalmente normal acharmos estranho, pois afinal, fomos direcionados inteiramente para tal durante nossa vida inteira.

Por outro lado, há homens que possuem essa feminilidade, porém não gostam de expressá-la.
Muitos homens e garotos tentam a qualquer custo, evitar essas “manias”, pois as acham desnecessárias. 

Mas afirmo que não podemos controlá-las. Por mais que estejamos em lugares onde não queremos “dar pinta”, sempre há um momento em que não vamos conseguir evitar. Talvez, o único modo eficaz de termos sucesso é se ficarmos calados e estáticos durante um evento todo, o que sabemos é totalmente impossível. Muitos gays são tão preocupados com tudo isso, que inclusive fazem as seguintes perguntas para amigos mais íntimos: “Antes de eu te contar, você desconfiava de mim?”, “Eu pareço gay?”, “Como você soube?”. Dessa forma, fica claro a preocupação desses garotos e homens em relação a sua própria imagem. O que me pergunto é se esse gays não gostam de ser femininos em si ou simplesmente não gostam de ser, pois a sociedade os verão com olhos preconceituosos.  Para mim a reposta está bem clara e com certeza o motivo real é o segundo.

Nossa geração ainda carrega muitos conceitos da geração de nossos pais e de nossas avós, e assim não conseguimos diferenciar o que é normal e o que é imposto. Talvez alguns até consigam diferenciar, mas mesmo assim preferem continuar agindo do modo como todos apreciam, pois assim não chamarão atenção

Mas acredito que com o passar das gerações, a tendência é a resistência à homossexualidade diminuir, e assim todos poderão ser como são. Quando isso acontecer, as pessoas terão o livre arbítrio de escolher se não querem ser femininos porque não gostam, e não porque uma sociedade pré-histórica está impondo isso. Sobre a resistência da sociedade perante os homossexuais, vocês podem ler mais sobre isso em outro post aqui do Armário Transparente:




A população tem que saber que o sexo biológico e o gênero são coisas totalmente diferentes e independentes. Nascer com um pênis ou uma vagina, não expressa automaticamente nossos desejos. Somente com o passar do tempo (experiências vividas, educação, ou seja, de como vivemos nossas vidas) é que vamos ser direcionados a um gênero: homem ou mulher ou até mesmo ambos, não? Sei que para muitos os códigos masculinos são dos homens e os femininos das mulheres, mas isso não é regra. Podemos comprovar isso ao sair de nossas casas e ver tanto homens como muitas mulheres que fogem a essa regra estúpida! 



Assim sendo, fiquemos tranquilos, pois está tudo sendo mal interpretado. Quem tem problemas, ainda para serem resolvidos, não somos nós e sim a sociedade doente.


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Por que assumir ser gay?

Vocês já pararam para pensar que o termo “assumir” só existe simplesmente porque a homossexualidade ainda não está aceita? Na maioria das vezes, ou até mesmo em todas, que usamos o verbo “assumir” estamos denotando culpa. Assumir algo refere-se automaticamente a alguma coisa ruim, por mais que se possa usar a palavra no sentido de assumir coisas boas.




Bom, em primeiro lugar temos que definir exatamente o que esse verbo significa. Nesse link podemos ver o significado do verbo “assumir” segundo o dicionário Aurélio:


ASSUMIR: v.t. Encarregar-se de: assumir um pesado encargo. / Aceitar, tomar para si: assumir toda a responsabilidade.
Como podemos observar, o uso dessa palavra no âmbito gay já significa muitas coisas que estão camufladas.

Somos culpados por sermos gays então? Realmente perante a sociedade que coloca ideias preconceituosas nas cabeças de nossos pais, primos e primas casados, tios e até mesmo avós, considero muito justo o uso desse verbo. Afinal, se realmente falarmos para alguns entes familiares sobre a nossa direção sexual, teremos com a maior certeza que arcar com muitas responsabilidades desagradáveis e assumir um pesado encargo. Percebam que a própria sociedade ou quem quer que tenha usado essa palavra pela primeira vez nesse sentido, inconscientemente, nos intimida de falarmos para outras pessoas sobre a nossa homossexualidade, partindo de um princípio que isso é algo errado.




Muitas pessoas, até mesmo entre os gays, pensam muito e chegam a perguntar entre si se os pais de alguns gays que eles conhecem sabem sobre a sexualidade dos seus respectivos filhos. E confesso que isso causa muita curiosidade mesmo, porém tenho certeza que o mais importante não é se nossos pais sabem e nos aceitam e sim se nós mesmos já nos aceitamos. Somos assumidos para nós mesmos?


Um gay assumindo-se



       Você pode enganar muitas e talvez até todas as pessoas que estão ao seu redor sobre a sua direção sexual, porém nunca para si mesmo, não é? Mesmo que você não tenha trejeitos, como alguns gays, você consegue surpreender a si mesmo no momento que percebe que acha alguns homens bonitos nas ruas. Esses gays que não tem trejeitos usam a falta de informação da sociedade para se guardarem ainda mais fundo em seus “armários”, uma vez que a sociedade tem a ideia fixa que o gays são aqueles homens efeminados, que usam roupas apertadas, tem a voz fina. Acho isso bem digno! Uma vez que a sociedade não nos aceita AINDA, então nada é mais justo de que ela não possa nos identificar com eficiência, já que nos trata TÃO MAL.

       Enfim, o mais importante é se aceitar. É totalmente compreensível você não querer que os outros saibam sobre a sua sexualidade, devido ao mundo que ainda vivemos. Porém, não é saudável psicologicamente não contar a si mesmo que você é gay. Sei que muitos passam pela fase de achar que isso é passageiro, que transando com mulheres talvez a vontade passe... Mas o quanto antes “assumir pra si mesmo” melhor.

       O fato de se aceitar faz com que muitas perguntas sejam respondidas para si mesmo, porém em compensação, se sua família não souber, por exemplo, você perceberá que vai começar a tentar evitar conversas familiares sobre namoros, sexo e todo assunto que possa ser direcionado a algo delicado de sua vida sexual. Realmente isso é muito complicado, pois enquanto primos e irmãos se casam, você ainda continua sendo aquele cara que quase ou nunca levou nenhuma menina para sua família conhecer.







Sei que muitos gays tem certeza que morrerão sem ninguém saber sobre sua sexualidade, porém sou a favor de falar para familiares, amigos e conhecidos, pois só assim nossa causa será realmente vista e começará acostumar esse povo que nós podemos conviver sem influenciar seus adoráveis filhos a beijar homens. Não quero dizer que devemos anunciar a nossa homossexualidade, mas sim que ela seja tratada por nós mesmos de uma maneira mais natural e aberta para servir de exemplo para os outros. Já que não faz o menor sentido querer a naturalidade e abertura para a homossexualidade, sem tratá-la como tal




quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Atenção! Os gays serão aceitos em breve

Por que a homossexualidade é vista como algo errado? Será que a minoria está nos representando? Nesse post, falarei porque os gays precisam ser vistos para serem aceitos...







   Realmente o ganho de espaço na sociedade dos homossexuais tem sido de grande utilidade e de grande satisfação em comparação às gerações passadas. Basta ligarmos nossas TVs em qualquer canal e observarmos que há sempre um personagem gay nas novelas, filmes, seriados ou até mesmo em programas de família, algo que era totalmente “não comum” há algumas décadas atrás. Acredito que com o passar do tempo, nós gays, conseguiremos ganhar nosso espaço por direito na sociedade da mesma forma que:



  • mulheres estão ganhando o mercado de trabalho com menos preconceito;
  • mulheres conseguiram o direito de voto;
  • tatuagens não estão sendo vistas mais como símbolo de “vagabundos”;
  • os negros estão sendo menos discriminados hoje em dia do que alguns séculos atrás e
  • pessoas de raças diferentes conseguem se casar com menos preconceito familiar.


Dessa forma, acredito que conseguiremos ganhar a nossa causa, devido a muitos fatos que se tornaram “mais comuns” com as doses homeopáticas aplicadas na sociedade. Muitos desses fatos, se não todos, eram um absurdo na época em que surgiram, porém depois os efeitos foram amenizados e, em alguns casos, até sumiram à medida que ganhavam proporções maiores. Por isso sei que daqui a alguns anos, a homossexualidade será vista pelos brasileiros como algo que não possa incomodá-los.







Tudo o que é incomum, em relação à maioria, é algo que dá medo e desconforto em qualquer ser humano. Por exemplo:

  • muitas pessoas ao dormirem fora de casa, não conseguem dormir por estarem em lugares que não estão acostumados. Porém, depois de algum tempo, não determinado por sinal, elas se conseguirão superar;
  • falar em público nas primeiras vezes é algo que recordamos pelo resto de nossas vidas. E pensamos que nunca conseguiremos fazer aquilo de modo natural, mas ao conversar com a maioria dos professores, todos dizem a mesma coisa: “É uma questão de prática!” e
  • ao darmos nosso primeiro beijo. Algo memorável e estranho para todos, porém depois de algumas performances, aperfeiçoamos o ato de modo que nos agrade e a prática faz com que fiquemos BEM mais a vontade com tudo isso.


Por isso podemos concluir: tudo se torna natural e sai da nossa zona de DESCONFORTO depois de praticar, ver várias vezes (proporcionando olharmos de outros pontos de vista) e até mesmo podemos começar a ter afeição por aquilo.

Dessa maneira, posso afirmar que a homossexualidade ainda só não foi vista e afeiçoada o suficiente.  Pois quando isso acontecer, conseguiremos sentir a liberdade!






Com toda essa moda de colocar gays na mídia, todos só sabem mostrar os gays afetados, ou seja, com trejeitos totalmente femininos, com voz fina, com mão torta de “bichinha” e declarando para quem quiser ouvir sobre sua sexualidade.

Mas na verdade precisa-se urgentemente mudar esse conceito que a sociedade possui dos gays, pois quando falamos de gays em família, por exemplo, a maioria dos integrantes, principalmente os mais velhos, pensa que gays são aqueles estereótipos vistos nas mídias. 


Claro que não tenho nada contra esses gays, mas, tenho plena certeza, que isso impede e até mesmo intimida muitos gays a não assumirem sua homossexualidade para a sociedade como para si mesmos. Pois a ideia que muitos tem dos gays (estereótipos), não são e não devem representar esses homens!! Da mesma forma que existem entre os heterossexuais as mulheres mais sensíveis e mais fortes sentimentalmente do que outras e homens mais sentimentais do que outros, também existem gays diferentes entre os gays. Agora, a sociedade, quase que por completo, tem uma ideia fixa que impede alguns ainda de “vestir nossa camisa”.

Diante de todos esses exemplos, espero que vocês (não gays) não pensem que um gay vai começar a rebolar, vestir roupas femininas e a “miar” (falar fino) depois de se assumir.


 Mas isso falarei em outro post... 



sexta-feira, 1 de novembro de 2013

A perversão está imposta aos gays


Todos sabem que temos a fama de sermos pervertidos. Mas os gays realmente são pervertidos ou são simplesmente carentes? Por que os gays parecem que gostam mais de sexo em que os heterossexuais? Será que não sentimos necessidade de sexo como todo mundo, e somente o modo como expressamos essa vontade seja diferente?

De certa forma, acredito que quando dois homens se relacionam, de um modo geral, o sexo entre eles será mais intenso do que comparado a um casal heterossexual. E o motivo disso não é porque os gays sentem mais vontade de transar do que os heterossexuais. Isso se deve à presença da mulher no casal heterossexual, pois biologicamente falando, elas não sentem tanta vontade de transar como os homens. Por outro lado, como os parceiros de gays são homens e não mulheres, consequentemente a frequência que vão para cama é aumentada. Falo mais disso em outro post aqui do “Armário Transparente”: Cuidado! Os gays estão sendo enganados no Grindr

Vocês, já pararam para pensar como os casais heterossexuais se relacionam? Eles dão as mãos no shopping; apresentam seus parceiros aos familiares e realmente começam a frequentar a família como um membro dela; existe uma grande chance de que eles se conheçam em ambientes de trabalho, em um barzinho qualquer depois do trabalho;  podem dar um selinho de despedida e de cumprimento onde quer que estejam e tudo mais.
Agora vamos dar uma olhada como gays de relacionam?

Vida Gay


Por mais que queiramos dar uma volta no shopping, parque, sorveteria ou qualquer lugar, não podemos andar de mãos dadas, ao menos que consigamos ignorar todos os olhares preconceituosos ou até mesmo aqueles de curiosos, e pais levando crianças para longe do casal, como se estivéssemos influenciando seus filhos a fazerem algo pavoroso.




A psicologia nos ensina que nunca podemos impedir que crianças expressem seus sentimentos, uma vez que isso pode afetar seu desenvolvimento. E quando impedimos os adultos de expressar o que sentem? O que será que causa? Quais são as consequências?
É exatamente isso que ocorre com os gays quando estão em público e tentam expressar nossos sentimentos através de atitudes: abraços, beijos e carinhos. Muitas pessoas ao redor olham para nossa demonstração de amor e sentem envergonhados e até ofendidos com aquilo. Não sei exatamente o que isso pode causar em um gay em longo prazo; porém de imediato, posso afirmar em nome de todos, que não é algo saudável. É como se a coisa mais bonita que você pudesse fazer, incomodasse os outros, ao ponto de se colocar em risco (violência). Imaginem o que se passa na cabeça de um homossexual durante esses momentos.






Por mais que gostamos de nossos parceiros, para grande maioria dos homossexuais, levá-lo para casa para conhecer os pais está totalmente fora de cogitação. Ora porque os pais não sabem sobre a homossexualidade do filho ora porque sabem e não a aceitam. Desse modo, o relacionamento, quando existe, está baseado totalmente fora do meio familiar.  Por esse motivo, acredito que muitos gays tem a resistência para com relacionamentos. Porque namoros exigem tempo e dedicação. Nos casos em que os pais não sabem sobre a homossexualidade dos filhos, como esses irão encontrar seus respectivos namorados? Mentindo para os pais todas as vezes que sair de casa? E nos casos em que os pais saibam e não aceitem... Você não é obrigado a mentir nesses casos, porém sabe que eles não aceitam... Complicado, não é?
Sabemos que nossas chances de conhecer alguém em lugares como trabalho, barzinhos heteros e casa de amigos são bem menores do que os heterossexuais possuem. Pois, por mais que existam gays nesses lugares, muitos ainda estarão camuflados, por vários motivos: estão com família, amigos ou até mesmo namoradas que não saibam do “segredo”. E assim, tentarão ficar como heteros e nem ao menos vão paquerar outros homens, por mais que queiram. E isso tudo, porque ainda é mais normal ser heterossexual do que homossexual na nossa sociedade. Esse é um dos motivos pelo qual os aplicativos de encontros gays por celular estão cada vez mais populares.
 Leia mais sobre isso no post: Cuidado! Os gays estão sendo enganados no Grindr


Motivos para a perversão


Por esses motivos que a vida gay NÃO pode ainda nos proporcionar que geralmente somos taxados de pervertidos. Pois assim que um gay encontra uma oportunidade de demonstrar carinho, amor ou mesmo fazer sexo, ele não mede esforços para tal, juntamente com sua vontade “biológica” de transar, que todos os homens sentem. Quando estamos em lugares onde os gays não se sintam intimidados com os “olhares da sociedade”, conseguimos observar várias atitudes que corroboram com esse argumento:

·        Um gay, normalmente, quando está acompanhado na balada ou em barzinhos, faz questão de demonstrar seu parceiro como se fosse um troféu. Por mais que essa atitude possa parecer não conveniente, penso que ele só está compensando o fato de “não poder” ou não querer (devido às circunstâncias) fazer a mesma coisa em lugares públicos “não amigáveis”;
·        Quando um gay está entre amigos e possui um namorado, você consegue sentir a felicidade nas demonstrações de carinho e amor, quase nunca visto em outros lugares;
·        Por que o “Dark Room” faz tanto sucesso entre o público gay? Justamente porque ali eles se sentem a vontade de fazer o que casais heterossexuais fazem em um motel, sem a possível vergonha de apresentar dois RGs masculinos no momento da entrada. E mais, para eles se torna muito mais difícil transar, devido ao fato de não encontrarem parceiros com tanta facilidade que os heterossexuais, ao modo como a sociedade os trata e principalmente, para muitos não assumidos, a balada onde se encontra o “Dark Room”, é um lugar improvável onde um conhecido possa vê-lo acompanhado de outro homem.

Assim, o comportamento visto de homens homossexuais se torna um pouco mais plausível e consegue amenizar os estereótipos.
Essas são algumas explicações para algumas coisas que tenho visto, porém não quer dizer que está totalmente liberado o sexo gay em qualquer lugar e sem os devidos cuidados.  Esse post é sobre coisas que os gays passam e muitas vezes não conseguem e não querem expressar.  E que, com certeza, muitas pessoas de fora do meio não entendam. 



O objetivo foi demonstrar que tudo o que vemos possui uma causa concreta, por mais que seja fora da nossa realidade.